Manaus

Tecnologias inovadoras transformam o saneamento básico em Manaus

Da aplicação de drones ao mapeamento móvel do relevo urbano, soluções tecnológicas e investimentos públicos e privados prometem mudar a realidade do tratamento de água e esgoto na capital amazonense
Tecnologias inovadoras transformam o saneamento básico em Manaus
Gerente de engenharia da Águas de Manaus, Wendel Souza destaca que a cada R$ 1 investido em saneamento, R$ 5 retornam / Foto: Divulgação/Águas de Manaus

Enquanto Manaus enfrenta um desafio histórico no tratamento de água e esgoto — com impactos diretos sobre o meio ambiente e a saúde pública — novas tecnologias despontam como alternativas capazes de transformar a forma como a cidade lida com o saneamento. Elas apontam para um futuro em que o esgoto deixa de ser sinônimo de descaso e passa a representar inovação e dignidade.Sem saneamento adequado, os dejetos são despejados nos rios e igarapés de Manaus

Sem saneamento adequado, os dejetos são despejados nos rios e igarapés de Manaus“Quando analisamos os estudos do tratamento de água e esgoto, a cada R$1,00 investido em saneamento, R$5,00 retornam. Em outras palavras, são economizados na área da saúde. O efeito direto, quando se trabalha e investe nessa área, é todo o benefício que você tem em saúde pública”, declarou Wendel Souza, gerente de engenharia da Águas de Manaus.

Novas tecnologias no saneamento básico em Manaus

 Em uma cidade marcada por desigualdades sociais e pela ausência histórica de infraestrutura em muitas comunidades, soluções descentralizadas e de baixo custo ganham destaque ao oferecer alternativas viáveis para regiões onde o modelo tradicional de saneamento nunca chegou. O grande desafio na Amazônia é transformar o saneamento básico em um direito efetivo e adaptado às condições locais.“Cada área é diferente, por isso cada solução de engenharia e tecnologia para um local é diferente do outro. Por isso buscamos investimentos, tecnologias e instrumentos que sejam adequados à realidade do Amazonas. Novos obstáculos irão surgir, mas em resposta uma inovação surge também”, salientou o gerente.

Entre as inovações em curso, Manaus se tornou a primeira capital da região a realizar o levantamento topográfico por mapeamento móvel — tecnologia que combina drones e veículos equipados para analisar o relevo com alta precisão. O sistema permite planejar e construir até 60 km de rede de esgoto por dia, otimizando tempo e recursos.

“A rede de esgoto precisa ser pensada no relevo da cidade. Nesses novos equipamentos utilizados, dois lasers mapeiam todo o local, analisam todo o relevo e nos dá a precisão centimétrica de altura. Isso vai permitir muito mais precisão na hora de traçar as redes de esgotos e as curvas de nível da cidade”, explicou Souza.

Enquanto um drone realiza o aerolevantamento, um carro mapeia individualmente o solo, eliminando todas as interferências à análise topográfica. Com essas tecnologias, a expectativa é elevar a eficiência e a qualidade dos serviços, permitindo estudos e projetos mais assertivos para melhorar a vida da população por meio do saneamento básico e do tratamento de água e esgoto.Carro mapeia individualmente o solo, eliminando todas as interferências à análise topográfica

Carro mapeia individualmente o solo, eliminando todas as interferências à análise topográfica

A problemática do saneamento em Manaus

 Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) revelam que menos da metade do esgoto gerado em Manaus recebe tratamento adequado, enquanto o restante ainda é despejado nos igarapés e rios que cortam a cidade. Uma problemática que desafia as esferas pública e privada.Menos da metade do esgoto gerado em Manaus recebe tratamento adequado

Menos da metade do esgoto gerado em Manaus recebe tratamento adequado

 “Observamos como a cidade se urbaniza para nos adequarmos. Diferentemente das cidades planejadas, em Manaus precisamos nos adaptar a ela. Não é a cidade que vai se adaptar à infraestrutura existente, a infraestrutura que vai se adaptar à cidade”, destacou o gerente de engenharia.

Apesar de ocupar o 87° lugar no Ranking do Saneamento 2025, do Instituto Trata Brasil, entre os municípios com os piores índices de saneamento básico do país, Manaus está entre as capitais que mais investem na área. Segundo a Águas de Manaus, mais de R$ 1,1 bilhão já foram aplicados em obras e ampliação das redes de água e esgoto, bem como na aquisição e implementação de tecnologias.“O saneamento não é feito por um, ele é feito por todos. De forma que precisamos investir bastante nessas práticas de conscientização com a sociedade, em falar da importância do saneamento e da sustentabilidade. É o empenho que temos em melhorar a questão do esgotamento para a construção de um futuro mais sustentável”, terminou Wendel Souza.

A combinação entre inovação, pesquisa e investimento público-privado começa a redefinir a infraestrutura da cidade. O que outrora era sinônimo de descaso e abandono, hoje significa esperança para a população, levando tratamento de esgoto a áreas antes consideradas inacessíveis, em bairros periféricos até as comunidades ribeirinhas.

Por: Daniel Brandão

Notícias Relacionadas